O Beijo
Caminhava pelas ruas caladas, em meio à melodia suave do cair da chuva,
E as lembranças me encontravam, como sussurros de uma alma em busca de acalanto.
Os lampejos das luzes refletiam nas poças d’água,
Como estrelas dançando em um espelho cristalino,
E na calçada molhada, deixei as pegadas da minha solidão,
Que se misturavam com as gotas derramadas do céu, em doce comunhão.
Meu coração se encheu de saudades e emoções,
Enquanto os pensamentos voavam, como pássaros em migração,
E na nostalgia daquele momento, senti o abraço das lembranças,
Que como fios invisíveis, teciam minha história com sutileza e esperança.
O aroma do inverno pairava no ar, trazendo o cheiro da nostalgia,
E nas esquinas da memória, encontrei rostos queridos que a vida levou,
Mas suas presenças continuavam vivas, como a garoa que me abraçava,
E na chuva que caía, vi lágrimas do céu se misturarem com as minhas, em compasso.
Porque é na simplicidade das coisas que encontramos a beleza sem fim,
E naquele inicio de noite, o céu revelou a doçura que habita em mim.
A garoa acariciava meu rosto, aproximando-se das seis e meia,
Como um beijo de inverno, daqueles que não são esquecidos e que só o céu sabe dar.
