Diário do Futuro
Dia 1
Querido diário,
Hoje é o dia em que tudo começa. A notícia da viagem para Marte chegou até mim como uma promessa de esperança para salvar nossa amada Terra. As mudanças climáticas têm devastado nosso planeta. O derretimento acelerado das calotas polares tem causado inundações catastróficas em muitas regiões costeiras. As chuvas torrenciais se alternam com longos períodos de seca, levando à escassez de água e à perda de cultivos agrícolas. As tempestades violentas se tornaram mais frequentes e destrutivas. Os incêndios florestais consomem vastas áreas de nossas matas, deixando um rastro de cinzas e tristeza.
Dia 17
Os preparativos para a viagem estão a todo vapor. A Terra parece um verdadeiro cenário apocalíptico. As cidades estão em ruínas, com edifícios desmoronando e escombros espalhados por todos os lados. A vida nas metrópoles é uma corrida frenética pela sobrevivência, onde alimentos e água potável são disputados como preciosidades. As florestas, antes verdes e exuberantes, agora são apenas lembranças de sua majestade. A fauna e a flora lutam para sobreviver em meio à destruição e à poluição. Nossos rios e mares, outrora repletos de vida, são agora vastos cemitérios de animais marinhos mortos.
Enquanto nossa equipe se prepara para a viagem, somos assolados pela sensação de que estamos deixando para trás um mundo que se despedaça lentamente. A angústia e o medo se misturam à esperança de que essa missão seja a chave para a salvação.
Dia 42
O dia da partida se aproxima, e o clima de apreensão toma conta da espaçonave. Os líderes da missão estão cada vez mais evasivos. Questionamentos são recebidos com respostas vagas e olhares vazios. Algo está errado, mas parece que não querem nos contar. O segredo é opressor, e temo que seja algo ainda mais terrível do que imaginamos.
A Terra parece mais desoladora a cada dia. As últimas áreas verdes estão desaparecendo rapidamente, e os animais selvagens lutam pela sobrevivência em meio ao caos humano. É difícil acreditar que haverá esperança para quem ficar.
Dia 76
Os rumores se espalham como fogo na espaçonave. Todos sussurram sobre a verdade que está sendo escondida. Fomos escolhidos para essa missão sem volta, mas o que eles não nos contaram é que a Terra está além do ponto de retorno. Nossos esforços para salvar o planeta foram em vão. A verdade nos atinge como um soco no estômago, roubando-nos o ar e deixando-nos sem chão.
A notícia se espalha como uma onda de desespero entre os tripulantes. Alguns se revoltam, outros se fecham em um silêncio angustiante. Como pudemos ser mantidos no escuro enquanto a esperança nos iludia? A decepção e a tristeza se transformam em raiva e descrença.
Dia 93
A verdade é devastadora. A Terra está condenada, e nós somos apenas alguns poucos escolhidos para recomeçar em Marte. A esperança que nos trouxe até aqui é, na verdade, uma miragem. Bilhões de pessoas e inúmeras espécies ficarão para trás, sem esperança de sobrevivência. A culpa nos consome, e nos perguntamos como poderemos seguir adiante sabendo que quem ficou na Terra enfrentará um destino cruel.
A espaçonave parece um abismo silencioso de dor e desespero. Os sacrifícios pessoais que fizemos para essa viagem agora parecem em vão. Como conseguiremos olhar para o céu noturno de Marte, sabendo que nossos entes queridos estão lá embaixo, enfrentando um destino sombrio?
Dia 104
A bordo da espaçonave, reina um clima de tristeza e desesperança. A Terra, com todas as suas belezas e falhas, é apenas uma memória distante. As paisagens, os sons, os cheiros, tudo parece tão distante agora. A verdade sobre a Terra nos trouxe um novo tipo de dor, aquela que nos faz questionar o sentido de nossa existência.
Enquanto atravessamos o vazio do espaço, sinto a sensação de estar perdida. A esperança que um dia tivemos se transformou em uma cicatriz em nossos corações. Mas, mesmo na escuridão, eu prometo a mim mesma que, se sobrevivermos e prosperarmos em Marte, não esquecerei daqueles que foram deixados para trás. Serei a guardiã das memórias da Terra, contando às futuras gerações sobre a beleza e os erros do nosso mundo, para que nunca se esqueçam do verdadeiro preço da esperança e da negligência.
Dia 150
Querido diário,
Hoje, completamos 150 dias desde o início desta jornada. Marte está mais próximo do que nunca, mas o brilho desse novo mundo não apaga a tristeza que carregamos. A Terra que amávamos agora é apenas uma lembrança, um ponto azul brilhante no vazio do espaço.
Enquanto olho pela janela da espaçonave e vejo o azul da Terra, uma parte de mim sente que estamos deixando um pedaço de nós para trás. Nossos sacrifícios pessoais, nossos esforços para mudar o rumo das coisas, tudo parece em vão diante da imensidão do universo. Mas, mesmo assim, eu prometo a mim mesma que, se sobrevivermos e prosperarmos em Marte, não esquecerei daqueles que foram deixados para trás. Serei a guardiã das memórias da Terra, contando às futuras gerações sobre a beleza e os erros do nosso mundo, para que nunca se esqueçam do verdadeiro preço da esperança e da negligência.
Com tristeza e esperança,
Isabela