A teia
Hoje acordei com um desejo irresistível de ouvir minha música favorita. Aquele refrão que sempre me trazia conforto, que me transportava para um mundo onde tudo parecia mais leve. Mas algo estranho aconteceu quando apertei o play. A música estava diferente. A melodia, os arranjos, tudo parecia ter sido alterado. Até mesmo a voz do artista soava desconhecida para mim. Fiquei perplexa e não consegui entender o que estava acontecendo.
A princípio, pensei que fosse apenas um erro, talvez uma nova versão que eu ainda não tinha conhecido. Decidi então buscar a música em outras mídias, procurando por ela no Spotify, no YouTube e em todos os outros lugares que pude imaginar. Mas, para minha surpresa, em todos os lugares ela estava diferente. Aquela canção que eu tanto amava não existia.
A inquietação começou a tomar conta de mim. Decidi ouvir outras músicas que também faziam parte da trilha sonora da minha vida. E para minha surpresa, todas estavam diferentes. Os ritmos, as letras, tudo havia mudado. Eu não conseguia compreender. Será que eu estava ficando louca? Será que a realidade que eu conhecia estava se desfazendo diante dos meus olhos?
A angústia me consumia enquanto eu me questionava se tudo o que eu acreditava ser real realmente existia. Se a música que me acompanhava diariamente tinha se transformado, o que mais poderia ter mudado em minha vida? Comecei a duvidar das minhas memórias, dos meus sentimentos, até mesmo das pessoas ao meu redor. Será que elas também eram diferentes agora? Será que eu estava sozinha nesse universo distorcido?
Com o coração acelerado, entrei em um estado de perplexidade. A sensação de estar presa em um pesadelo era avassaladora. Passei a questionar minha própria sanidade, a me perguntar se tudo ao meu redor era uma ilusão. Meus pensamentos vagaram para além dos limites do possível, me fazendo duvidar até mesmo da minha própria existência.
Em meio a esse torpor de incertezas, decidi sair em busca de respostas. Andei pelas ruas da cidade, observando as pessoas, tentando encontrar algum sinal de que a realidade era palpável. Mas, para minha surpresa, tudo parecia vazio. As cores eram desbotadas, os rostos eram borrões indistintos. Era como se o mundo ao meu redor estivesse em constante mutação, revelando uma verdade oculta que eu não conseguia compreender.
Desesperada, tentei me comunicar com as pessoas, buscando algum tipo de validação para minha existência. Mas todas as minhas palavras se perdiam em um eco silencioso, como se eu estivesse presa dentro de um pesadelo solitário. A angústia me envolveu, sufocando qualquer esperança que restasse.
Então, em um momento de exaustão e desespero, eu caí de joelhos, encarando o céu. Eu clamava por uma resposta e foi nesse instante que uma revelação surpreendente tomou conta de mim…
Abro os olhos lentamente, sentindo a familiaridade do meu quarto ao meu redor. A luz suave do amanhecer atravessa a cortina, trazendo um vislumbre de esperança para o novo dia. Levanto-me da cama e me dirijo ao meu computador, ansiosa para finalmente ouvir a minha música favorita. Mas assim que aperto o play, a realidade desmorona.
O desespero se infiltra em meu peito e uma onda de inquietação toma conta de mim. Será que estou enlouquecendo? A música continua com os acordes errados e a letra distorcida.
Uma sensação arrepiante de medo começa a se instalar. Será que tudo em que acredito é apenas uma ilusão? Olho em volta, buscando por algo familiar, algo sólido para me ancorar, mas as dúvidas se multiplicam. As paredes do meu quarto parecem se mover, os móveis se transformam em formas estranhas e desconhecidas.
A angústia se intensifica à medida que persigo pistas para desvendar essa realidade despedaçada. Procuro por informações na internet, busco respostas, mas tudo o que encontro são versões erradas daquilo que considerava real.
E então, num momento de confusão, acordo novamente. Respiro fundo, aliviada, pensando que finalmente escapei daquela teia de ilusões. Observo o ambiente, tudo parece em ordem. Mas quando me olho no espelho, o reflexo não é o meu. É o rosto de uma estranha olhando de volta para mim. Meu coração acelera, meu estômago se contorce.
Tento recordar onde estou, mas nada faz sentido. Os objetos ao meu redor dançam e mudam de forma, como se zombassem de mim. Tento sair, mas as portas levam a lugares desconhecidos, labirintos de corredores sem fim. A angústia se transforma em pânico, o desespero consome cada fibra do meu ser.
Nesse turbilhão de confusão e caos, questiono, será que tudo o que vivi até agora foi apenas um sonho dentro de um sonho? Ou será que essa realidade distorcida é a verdadeira?
E então, em um último suspiro de esperança, desperto novamente. Olho ao meu redor, ofegante e com os olhos arregalados. Estou de volta ao meu quarto, mas algo parece diferente. Uma aura de estranheza permeia o ar, as sombras dançam de forma inquietante e os objetos parecem ganhar vida própria.
Reúno coragem para me levantar e me dirigir ao banheiro. No caminho, cada passo parece incerto, como se o chão estivesse fugindo de sob meus pés. Chego ao espelho e hesito por um momento antes de encarar meu reflexo.
O que vejo me deixa sem palavras. Sou eu. Mas no reflexo, me encontro com olhos vazios e sorriso enigmático. Minha mente está atordoada, tentando encontrar uma explicação para essa transformação surreal.
Eu examino o resto da casa, mas nada é familiar. As paredes parecem se contorcer, os objetos mudam de cor.
Meus pensamentos estão confusos e minhas emoções se misturam em um turbilhão caótico. Será que estou presa em algum tipo de dimensão paralela? Onde será que eu estou?
Enquanto tento encontrar uma saída, as leis da física parecem não existir mais, objetos flutuam no ar, a gravidade é desafiada.
E então, num momento de clareza abrupta, acordo mais uma vez. Dessa vez, não há dúvidas. Estou de volta ao meu quarto, a minha realidade. Mas afinal, quem sou eu para definir o que é real?